terça-feira, 25 de janeiro de 2011

domingo, 26 de dezembro de 2010

"...O fruto bom dá no tempo
No pé pra gente tirar
Quem colhe fora do tempo
Não sabe o que o tempo dá

Beber a água na fonte
Ver o dia clarear
Jogar o corpo na areia
Ouvir as ondas do mar......"

Renato Braz e Jurandy da Feira

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010


Foi no bairro de Pinheiros
que eu me irritei por inteiro
com todos os carros que desciam a rebouças.

Eu entrei na Henrique Schauman
eu logo perdi a calma
virando na Teodoroeu falei: "assim não posso"

disseram-me "deixa disso!"
na Benedito Calixto
eu fiquei chorando à toa
na calçada da rua Lisboa

mas a sorte foi bacana
e na Cristiano Viana
vi um desenho contente
até a Capote Valente......

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O futuro é mera hipótese.

Simplesmente vagando muda de in-certa forma à rumo algum.
O mundo rodopia e a vida subjetiva e metafísica ri de mim.
Mente bem longe do meu interior aguardando um chamado a se manifestar e dizer o que preciso ouvir.
Fios que me conduzem aqui, correm pra formar um som, para colorir e zomzear minha cabeça.
A paisagem permanece estática ao meu tempo;
Em meio esse exílio que é o silêncio, sem querer desconcerto meu corpo, embaraço minha mente, passando como tantos outros pensamentos rarefeitos que se embaralham num vento que quer me levar daqui.
Enquanto escuto meu silêncio bobo, minha desconexa fala, meus obtusos sentimentos, meu querer absurdo (supostamente um abuso), aos poucos desaprendo a ser tudo o que já fui; o que ora caminhava rumo-certo, viram cenas de um filme que eu ainda não vi.
Mas continuo cá,calada, erguendo toda uma vida sobre esses enormes pés calejados, esperando um vento que venha contra mim, derrubando esse corpo escorado num futuro hipotético.

Simplesmente rabiscando sem motivo, disfarçando um coração enlatado, caindo sobre mim letras do passado.

Estranho se sentir assim?Estranho é nunca ter se sentido assim, isso sim.

sábado, 17 de julho de 2010

luz de velas

..e daí, depois de um silêncio arrebatador,
ela senta pra escrever...
e a luz acaba...

´volta pro teu silêncio pleno e aumenta a música tocada pela décima vez dentro da tua cabeça´

giz de cera e luz de velas até que fizeram sentido...


quarta-feira, 7 de julho de 2010

de Bakunin

"Haverá, sem dúvida, menos sábios ilustres, mas ao mesmo tempo menos ignorantes. Já não haverá uns tantos homens que toquem o céu, mas ao contrário milhões de homens que em vez de estarem como hoje aviltados, esmagados, caminharão humanamente pela terra: Nada de semideuses, nada de escravos. Os semideuses e escravos se humanizarão ao mesmo tempo, uns abaixando um pouco, os outros subindo muito. Já não haverá, pois, lugar nem para a divinação, nem para o desprezo. Todos se darão as mãos, e, uma vez unidos, caminharão com novo ardor em direção a novas conquistas, iguais na ciência e na vida"

M. Bakunin

domingo, 28 de março de 2010

Caminhamos ao encontro do amor e do desejo. Não buscamos lições, nem a amarga filosofia que se exige da grandeza. Além do sol, dos beijos e dos perfumes selvagens, tudo o mais nos parece fútil. Quando a mim, não procuro estar sozinho nesse lugar. Muitas vezes estive aqui com aqueles que amava, e discernia em seus traços o claro sorriso que neles tomava a
face do amor. Deixo a outros a ordem e a medida. Domina-me por completo a grande libertinagem da natureza e do mar.

Albert Camus

sábado, 17 de outubro de 2009

pensamento rarefeito

Minha garganta secou. 

Sem piscar, senti meus olhos ficarem brancos, até que um vazio homogênio de sossego engolisse minhas angustias.

Procurei sem querer, palavras inaudíveis  no oco da minha cabeça.

Coladas ali, asfixiaram-se ate os ecos do vento entrarem por portas e janelas abertas.

nuvem saindo pela boca.

pálidos dedos indescritíveis camuflados pela neblina,

que invadiam os poros de um corpo calmo que respirava nu e leve.

Sem som, sem traço.

desisti rapidamente de buscar sentido a oração alguma

e me afoguei profundamente num desconexo sonho real.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

tropeçando pelas bandas...


.....cruzando Ipiranga com Av.São João

Lembro bem do dia em que falei em alto e bom tom que não voltaria tão cedo pra essa cidade.
E me diziam que ia sentir a falta daqui; pelo tão grande tamanho coberto de tantas coisas a fazer.
E caminhei sem nem espiar pra trás.
A garoa certa dos dias sempre frios pararam de atrapalhar meu bom humor de dias comuns.
Um emaranhado de gente tão igual no caminhar,
que olho algum perceberia sutis diferenças de ser em ser.

Sem querer tropecei por essas bandas novamente...
Garoando gelado, um constante vento passou o dia me cutucando.
Remoendo um oco sentimento por essas feias ruas.
Consumi tudo o que pouco trouxe...
Do dinheiro, ao bom humor.

Quero fugir daqui antes de ir embora.
quero o calor do meu coração de volta.
quero respirar um pouco de ar.
pra só assim meu humor poder voltar...


domingo, 6 de setembro de 2009

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

pescador de estrelas...

Sentou-se ofegante no alto pedaço de rocha buscando a pureza.
Olhos livres á sentir a brisa fresca dançar com os pedaços de nuvens.
boca salgada pela maresia, costas cansadas pela caminhada naquela montanha distante do mar...
Olhando pra aquele pôr-do-sol, para as ondas contra a luz, viu sua beleza e delicadeza. ...proporcionando um sentimento de extraordinário deleite...
A busca pelo silêncio ali alcançado une-se à sensibilidade repleta de liberdade.
E vai olhando o movimento do rio tão cheio de lua que continua correndo pro mar...
Se enluarando de felicidade!!
imensa cor púrpura do bom tempo;
Reflete uma suave melodia n´alma daqueles que vivem nesta harmonia.
Bonito é o compasso do silêncio rimando com os cantos da natureza!

remando leito abaixo
foi se desmanchando
virando peixe
virando concha
a se misturar à prateada areia
com a lua cheia
na imensidão do mar.

terça-feira, 18 de agosto de 2009



lisandrodemarchi.com.ar

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Treme o alto sino ao meio dia em ponto em cada ouvido que trabalha sob sol nesse escaldante dia; mãos sujas esfregam o suor gorduroso das testas dessas humildes pessoas. Barulhentos embrulhos de pacotes mornos saciam parte de uma fome sombria.

Soa o apito do moço no alto, arregalando os olhos a chibatar:

-Corram, Corram seus pobres infelizes,
tem mais horas pra trabalhar.
Estou com fome de dinheiro...
silêncio que vou descansar.....

Nesse dia pararam de trabalhar
E encheram o peito pra gritar:
-Fume de uma vez o cérebro do que resta dessa amargura carnavalesca que é morrer de penar.

E uma nuvem cobriu o sol que lascava o dia.

e parece que você anda sozinho...

Não sei se o mundo imagina o que acontece aqui, não tem como imaginar...
Vi dezenas de pessoas morrerem por inanição, ficarem dias sem comer ou beber água, expostos ao tempo, feito bichos. O cheiro desse lugar é medonho. As chaminés despejavam uma fumaça acre de carne humana sendo queimada.
Mas continuo sob esse céu...muros, não posso pular.....pedras, não posso jogar....paredes não vão me escutar...paredes vazias de alguém. Minha casa é aqui? Minha terra é aqui?!? Muros, pedras, cercas, arames, farpados em farpas de gente.
Olhos saltados, mãos para o alto, estou na rua com fome, hei homem, não aponte esse dedo assim sem quê nem pra quê, não atire em mim, porque? Preciso sonhar...não atire é o fim! Mas o que restou das lembranças...hei homem, o que sobrou das esperanças? No centro vim morar pra perto da cidade ficar, mas o que aconteceu?; a cidade mais longe de mim ficou!!!!queria gente, gente, e entrei nessa guerra fria, eles passam pra lá e pra cá, e eu continuo aqui...e parece que você anda sozinho numa cidade de vinte milhões de habitantes e ninguém tem um lenço pra você....

terça-feira, 4 de agosto de 2009

sexta-feira, 17 de julho de 2009

de Mario Quintana

Fere de leve a frase...
E esquece...
Nada convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

auto-reflexo

Pode até inutilmente fechar as pálpebras que cobrem teus olhos, que elas tratam de refletir tantas imagens em seu pensamento que quanto mais esforço faz para tentar por horas apagá-las, mais longe as imagens deslizam, emaranhando-as numa muda teia, dentro de si. Teia essa tecida por ti, a cada célula que se renova.

Cabe entrar em si. Oras pra sentir a dor dum silêncio assustador, oras se atentando àquele simples prazer que se esconde lá atrás de cada empurrar de dia.

Na escuridão, frágil são aqueles que não se atentam ao som do vento das asas de uma mariposa...

Aguçado gosto doce das águas da cachoeira.


Não basta fechar os olhos pra tentar entender tua mutação.

Sentir esse extraordinário movimento da vida requer maturação muda.

Atento aos prazeres que cabem somente no reflexo de você.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

...Olhar pra aquele pôr-do-sol no mar, para as ondas contra a luz, e ver sua beleza e delicadeza- isso proporciona um sentimento de extraordinário deleite......

domingo, 31 de maio de 2009

Recortes mudos.

...o som das batidas de cada rima
No papel revelam com clareza a agonia dos suspiros silenciados.

Pálido é o cheiro das palavras mortas.
E a ausência de gritos sufoca velhos encantos.

Ao apertar os olhos sinto o orvalho frio enferrujar as rugas talhadas pelo calor infernal dos raios.
Vejo o gosto do orvalho se destruir ao impactar bruscamente com a terra seca que pesam meus pés.

Esvaeceu certo prazer de mim pra alguma direção sem sentido algum.

Vejo-me numa espontaneidade premeditada.
Onde com leve rispidez meu corpo se fantasia num misterioso esconder de sensações prazerosas.
Disfarço na multidão verdades somente vistas dentro de paredes vazias de outro alguém.

A borda de uma terra lotada perde a fértil beleza quando um forte vento leva ao longe as folhas caídas das poucas árvores quaisquer.
O fogo das matas sufoca o silêncio dos inocentes...
E aquece meu prazer lascivo em percorrer os dedos e as mãos pela pele macia no meu pensamento.

Pela janela entra a brisa embaralhando meus recortes...
Palavras acumuladas de pó como migalhas caídas ao chão.
Compô-las requer maturação muda.
Meticulosamente retiro o pó da razão.
Decompõe-se a emoção.

Cautelosamente espero a sinceridade penetrar meus seios nus.
Ler-te as palavras num ritmo de soluçar lhe confundiria a razão.

Colo pedaços de sol num dia chuvoso...
As estrelas caducas riscam o céu limpo.
Ouço o riso da flor que desabrocha sem espinhos.
Sigo o rastro de aroma da noite...

Até a iluminação do ambiente parece diferente só pra me provocar.
O som se torna distante
Me pego perdido divagando
E quando tento decifrar meus pensamentos.
Já se foram. Perderam-se num mundo desconexo sem sentido.
Mas assim, sinto-me vivo. Pela incerteza da busca por sei lá o que.

Querer romper as pré-idéias a mim concebidas
Prisões falsas do passado.
Padeço a alegria fruto da presença.
Apego a tristeza oriunda da distância.

A saudade da criança.

Como qualquer cão sem coleira.
Fareja a vida...
sem rumo nem beira.

terça-feira, 7 de abril de 2009

-Mundo-Cão- dos deserdados

´Todo dia tem seu amanhã.
(o amanhã sem fé?)
pé de chinelo.pé no chão.
bicho de pé. ração da ralé.

Da mesma forma que
as condições se modificam,
o homem também se modifica´

café requentado.
(rápidos engolem fast-food)
generosos visam
as crescentes flutuações do câmbio.
enquanto o não-farto
requenta o pão-quarto
com salame (se come)
e sonhando dorme.

a moenda esmaga
a cana plantada
em terra de gerente,
capitães, banqueiros
sultões...
meus pêsames
ao pequeno mundo
de tantos cidadãos-menos.
gado-gente. sub-servis.
ônus. o povo sem lugar marcado na economia do mercado.

o muro
escorrega pra direita
esmaga a polícia
des (conversa).

gerir sozinho a si?
nessa rua não anda auto,
dêem as mãos aos desempregados.
de pé. vá a pé.
o problema é mais em cima.
é de cunjuntura.
converse socialmente
( não sobre o social),
deixa isso pra estatística.



um mundo que simplesmente nada mude.
que dure pra sempre
onde nada dura.
só os duros guetos
sem-saída.


-mundo cão-dos deserdados

deus-sistema exclui o mundo dos coitados.

quinta-feira, 26 de março de 2009

a esteira

A fantasia de se ver livre
Dia-a-dia se entorpece na real existência.

Um sistema de opções, opções, opções....
E a escolha?
Restringido à um único Universo.
NADA PARALELO!!!

Marcados, os mercados deTERMINAM a hora da sua morte!
Lhe oferecem o que consumir...
Em inúmeras opções: cor-de-rosa,de-laranja, de verde limão...
Diversos padrões a escolher...

Sintaxe a vontade...
Qual o gosto da tua individualidade?
- Que não seja só sua... esta está em falta no mercado!!!!
De individualista, aqui, só o discurso....
Personalizado... só pra você!
Que é diferente!!
O melhor!
O mais bonito!
O mais inteligente!!

Suba aqui e junte-se ao teu grupo preferido!
Escolha um rótulo....
Um símbolo...
Passe na esteira e SEJA DIFERENTE!!!
Assim como nós!
Aqui, você é o produto livre pra sair no seu mercado!!!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Tem dia que o vento não curva e o tempo não muda.

Hoje, fui rastejando minhas solas até o alto da montanha.
Desviei poças de suor e mijo esparramadas pelo chão.
Não pude nem olhar o sol, porque a ardência penetrava minha impaciência.
E sorrindo por fora, desgostava o que os olhos abertos sentiam.
Por instantes, me senti capacitada de entender todas os movimentos ao redor de mim.
Aflitamente liguei as vidas ao meu redor como um jogo de pontos, onde os traços facilmente se juntam, formando uma imagem certa.
Sem nuvens, a chuva não me traria refresco como em dias atrás.
Sentia a garganta seca arranhando meu pensamento.
Fui procurando traços, relacionando os fatos. Sentia o lixo esmagado no meu sapato.
Reparei em alguns pés, desviei os olhares de súplica nos becos e fui me sentindo mal por tropeçar em tantos vivos.
Olhei pra dentro, e me despi daquele vício.
Não queria pensar em nada, sentia meu corpo uma migalha em que os pombos rapidamente devorariam.
Peguei um ou outro olhar seco derretendo meu corpo.
E meu raciocínio parou.
O calor derreteu meu caminho, derreteu minha boca, fez dos meus olhos um feixe de luz que penetrou nas pulgas daquele cão faminto que me seguia a horas.
O cão comia as migalhas que caiam de mim... Meus cabelos se desfazendo...minha memória se apagando...meus desejos irrealizáveis naquele momento.
E aí vi que todo mundo dobra todo meio dia na mesma esquina.
Mas hoje eu me perdi...
Reparei tanto nas pedras do chão...
Que passei pra lá do meio dia em vão...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

" É bom quando nossa consciência sofre grandes ferimentos, pois isso a torna mais sensível a cada estímulo. Penso que devemos ler apenas livros que nos ferem, que nos afligem. Se o livro que estamos lendo não nos desperta como um soco no crânio, por que perder tempo lendo-o? Para que ele nos torne felizes, como você diz? Nós seríamos felizes do mesmo modo se esses livros não existissem. Livros que nos fazem felizes poderíamos escrever nós mesmos num piscar de olhos. Precisamos de livros que nos atinjam como a mais dolorosa desventura, que nos assolem profundamente – como a morte de alguém que amávamos mais do que a nós mesmos –, que nos façam sentir que fomos banidos para o ermo, para longe de qualquer presença humana – como um suicídio. Um livro deve ser um machado para o mar congelado que há dentro de nós. "
Franz Kafka

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A luz que estampa teu céu,
te chama pra sair.
Assim como a lua que acaba de se desprender do outro lado do mundo até aqui.
brilha solta, que nem ébrios esparramados pelos lixos urbanos.
Levemente as nuvens vão estancando cada som ensurdecedor que o vento insiste em trazer.
Teus olhos não enchergam cada esbarrão que teu tropeço causa.
Mulas de pé saciam os olhos em cada saltitar de tamborins.

As luzes berram aos ouvidos de nossos pés, que não param de dançar.
Mexem-se sem pensar.
O ano mal começou, desprenda-se, a festa apenas começou!!
Ta aí o ébrio som da diversão; tantos copos na mão.
recicla o ano todo.
`dê-me um beijo em tua mão´
Fuja.sem precisar resistir.
esparrame-se profundamente por essa superficialidade.
acompanhe o maestro..

Já são meia dúzia de três ou quatro horas.
brincadeira sem fim.
teus pés rimam com teus braços cruzados.
O vento quebra teu copo por dentro;e acorda da brincadeira que nada é sofrimento.
tropeça no bêbado,chora por dentro...
..Vai pra casa remando enquanto ainda tem lua no vento...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

te inventarei

pro gregor...



por mais sinceras que parecam;
que sejam
as tuas
(as minhas)
palavras.

mesmo te vendo nu;
transparente e puro.
eu te inventarei.

te inventarei dentro dos meus olhos
de meus mais loucos sonhos.
por toda a minha muda vida
a cada tua oscilação de humor
te inventarei.
te amarei
assim sinceramente.

por mais meia lua que seja
mais brilhantes estrelas que estejam no nosso céu,
por mais que elas descam e dançem
e por mais que eu cante as musicas que você não queira ouvir
inventarei você e eu
sinceramente em palavras
nos atos de cada amor
no puro ar de cada silêncio

devagar, entendendo que o amor é inteiro.

meia lua, meio dia...tudo por inteiro.
o amor é seu,
sou eu
que ama você inteiro.
te inventarei
a cada sofrido acordar sem cor
a cada alivio ao deitar sem dor
mesmo que em um dia,não (me) queiras
mesmo que não (me) desejes
te desenharei

nas situações em que estiveres presente
nos tristes momentos de tua ausência
no silêncio estúpido de quem engole a dúvida
na falação inócua das discussões banais

eu te inventarei.
desde que nasci em ti
durante todo meu existir
em ti

sériamente feliz.

pois no mundo
a mentira pode ser tão bela
e necessária quanto a arte
aqui na terra,
assim como o homem fez com deus...
eu te inventarei

mas não o faço
-nem nunca farei-
nem mentir por bem.

pois em mim,
já és perfeito assim
por ser si só.
em ti
e por isso mesmo
pelas características da tua personalidade
por mais interinstigante que seja(e é) tua realidade

com um pouco de egoísmo
forma de defesa pingo de vaidade

por todos os motivos que já não sei dizer

amo você

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009




“Numa época em que os espíritos generosos e arrojados tentam transformar seu ideal de justiça social em realidade objetiva, as nossas ambições não se limitam a conquista do pão, do vinho e do sal. Queremos conquistar tudo o que é necessário à vida humana e até mesmo a utilidade que forma o conforto da existência; queremos a faculdade de poder assegurar a todos os homens e mulheres a plena satisfação das suas necessidades e dos seus gozos.” Elisée Reclus, prefácio para Kroptkine em ´A conquista do Pão`

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

A ponte é aonde chove o rio embaixo dela.

A ponte vai de dia;
Ainda fim do sol
Que bate na mão da menina,
Que alivia o dia sentindo o vento
que arrasta a nuvem grande
abrindo espaço pra luz deitar no chão do mar.

É bonito o sorriso do dia;
Ver miúda a cidade grande
Cada vez mais pequenininha
Vendo de longe a tal casinha.
Correndo por cima da ponte,
Bonita a ida de dia.

A ponte vem de noite,
Fim do dia.
Sorriso da menina
Crescendo com a cidade que vê
Chegando de volta ,
Sentindo o vento frio batendo
Na mão que busca somente silêncio.

Toda a montanha que ta escura
É bonita por ser floresta.
Mas bonito é ver a montanha de longe
Brilhando cada lampadinha
Iluminando a cidade ainda pequenininha.
E a mão vai estirando
buscando cada estrela que ta brilhando...

E quando acaba a ponte
Fica triste a menina.
Acabou mais um dia...
Fecha os olhos e ri,
Lembra da ponte de dia....

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Há noites, em que o cheiro de sandalo nos asfixia,fazendo-nos comprimir os olhos até cerrá-los. Lágrimas de desespero ao ouvir silenciar os gritos fracassados daqueles que não dormem...ao amanhecer, um grito ensurdecedor nos arrebata de profundos sonos;
Sem nos esquecermos dos prazeres que nos envolta, assistimos a carne embrutecer ao som de músicas silenciosas. Uma dança, em que a cada ruflar de pés, a poeira levanta, escondendo emcabuladamente qualquer sorriso, capaz de sensibilizar as forças interiores.
Os vermes, crescem, com clareza e enraivecem a cada grito de ordem...gritam para que se construam muros; Mal sabem, que seus dias estão contados...pois há quem baile diferente, há que sussurre gritos contrários para a destruição...um dia...cada verme amanhecerá preso em sua própria porta, e sangrando, não lembrão que atiraram suas chaves ao curso do esgoto, com medo que alguém os tirasse de lá.
os muros, cairão...e todos os vermes dormirão eternamente no inferno.

domingo, 4 de janeiro de 2009

tratamientos para el fin de la má educacion

Hay que mojar las semillas así que ella deita en la tierra...
Todos los hijos hay que saber de eso, pero son millones, nascidos de tantas bocas mudas, hijos de tantos padres ciegos,que ni adentro de las florestas,ellos aprenden a sentir los más magníficos habitos que las frescuras de sus bosques tratam de traer...
Tratemos, nosotros, de nunca desarmonizar la naturaleza...para podermos sentir da libertad que el odor del cultivo trae en nuestros corazones.
Llevemos para los chicos urbanos, la importancia de conocer el solo que pisamos, el rio que nos bañamos, los vecinos que viven en nuestros lados...Llevemos ellos a los campos, para mostrarlos como lá tierra roja embebece el água distintamente como aprenden en las classes sobre rios lejos que secan por la devastacion de esta eterna ambicion animalesca...
Mostremos a los chicos rurales como lás árboles que ellos plantam, tratam de tornar la brincadera en los rios, más hermosa...tratemos nosostros, de unir el mundo...transformando toda la tierra un cultivo por igual..
Adonde los animales, no tengam que sofrer...y los animales humanos...tratem de viver...en unida felicidad.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

ergáustulo inconsciente

São algumas as paredes que me cercam aqui. Deduso, após submeger em alta análise que isto se trata de um heptágono irregular sem saída.Minha inteligência é limitada ao ponto de tornar incompreensível o fato deu ter vindo parar aqui!Na ponta dos pés, perco equilíbrio sem ao menos tocar o ápice dessas frias paredes;
Chego a imaginar que quem calculou laboriosamente essa contrução não ocorreu que eu estaria aqui, pois ao contrário, me possibilitaria uma saída instantânea. Não enchergo mais ninguém, e o cheiro desesperador é o que me há de mais prazeroso.
Há um muro fortemente construído para que ninguém mais esteja aqui e como é certa a minha morte, apenas após decomposição da carne seria possível outro; Mas que apenas me substituiria, pois agora, estou eu aqui e minha alma vagante, não tem saída, assombrará eternamente esse silecioso e comprimido ar.
Não vejo necessidade de me esquivar daqueles olhares de suplica que passam apressados pelos becos; pois não os vejo mais.Aqui só há ausencia de medo. Nem percevejos, nem libélulas.
Não há fortes ventos, pois os muros tratam de cessa-los; Nem o medo da prazerosa solidão me corroe nos instantes de nostalgia... Pois por aqui,me sinto em plena e absoluta liberdade de exprimir meu pensamento sobre todas as coisas. Regularmente me assusto e saio do sono profundo; fico escutando o silêncio que aqui reina inalterado, dia e noite.
Não estranho diminuir o tamanho ao passar do tempo e nem penso se é o muro que tem aumentado os tijolos... que importancia me faria se as paredes crescescem? Mais proteção me daria, e mais paz reinaria entre um conchilo e o sono inconscientes.

Sem calcular estratégias para saída, ouvi um dia uma luz, rastejei-me disconcertantente tentanto ler novos pensamentos que refletiam em mim. Hipoteses, apenas. A ausência de cores, deteu meus olhos ao nada imobilizados atrás da minha limitada conciencia;
Talvez, seja essa a clareza de minha morte.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

domingo, 2 de novembro de 2008

A Vista

A vista daqui é linda. Ainda. Que não seja. Linda para outra. Vista que a. Avista. Daqui é linda. Se não for vista a vista. Daqui ainda é. Linda. Ainda que não seja. Vista ainda. Que não se veja. Talvez assim seja. Mais linda. Ainda.

[Arnaldo Antunes]

Reforma.

Eles todos traziam malas,
grandes malas.
Eles eram grandes e suas malas cheias.
A viagem, de certo não era de ida.
A viagem era de estada;
uma longa estada que acabava de começar.
Das malas velhas coisas novas pra cá.
Que a estada não seja breve
e que a humildade que circunda nossas paredes
não os incomode jamais.

sábado, 1 de novembro de 2008

filmes de terror.

http://www.youtube.com/watch?v=sn6wCR3Gmsc

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

...a água só não tava fria como de costume, pois o sol entrepassava pelo dossel da floresta e coloria de calor boa parte daquele instante. O curso, vinha, ou ia, dependia apenas de qual pedra eu dormia...
...os pés atentos por saber, que se a pedra escorrega, cuidado: de bunda no mato, e não vai ter ninguém pra ver; Então quieta! tem formiga subindo te dando belisco. Suspira e acalma. O sol ta querendo entrar...então olha devagar...
...testa o medo dessa solidão; é suave a brisa que movimenta esse riacho e a mágica ta em tudo ser beleza; não descrevo...mas eternamente naquele instante de luz, embriago a alma com um silêncio arrebatador, daqueles que nem os mais sábios saberiam calcular;
...Como colorir fruta no pé...ou notar os pequenos ossos das borboletas.
...Compartilhemos a terra com o coração dos que se tornam menos sábios; por esconder que a única felicidade é naturalmente a contemplação de construir um riacho que escurece mais tarde todos os dias de verão....

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

questão de vestibular

O Bicho

Vi ontem um bicho
na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos

Quando achava alguma coisa
Não examinava nem cheirava
Engolia com voracidade

O bicho não era um cão
Não era um gato
Não era um rato

O bicho, meu Deus, era um homem.
[Manuel Bandeira]

interpretação do texto:

1. A que problema o autor se refere no texto:

a) Contra-bando de animais
b) A fome
c) Devastação de florestas
d) Falta de saneamento básico
e) Alcoolismo

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Fila única

Sabemos, sem margem de dúvidas, que estamos a beira do abismo.
Tá vindo dos céus, das cegonhas, das abóboras um bando de seres destinados a beirar esse abismo eternamente; humanos-seres impossibilitados de germinal uma só grande idéia.
Sâo vendados, empurrados para que sigam em extensas filas rumo um buraco qualquer.
Não se aflingem, nem se cansam de ficar em pé, vivem o ontem, vivem o hoje e nem cogitam um amanhã.
Aguardam estáticos sempre atrás de alguém; nunca andam para a frente...
O único medo é o de olhar as enferrujadas correntes que atam os pés pois um tropeço basta, para que a fila inteira caia.

No fim do buraco, há um amontoado de carne; comida de urubu;
As correntes são rapidamente recolhidas, antes que as cegonhas jogem de novo outros tantos seguidores de fila. A mesma podre fila rumo o eco da desordem de um buraco negro qualquer...

sábado, 11 de outubro de 2008


Fim do Prólogo [...]

É preciso notar que, no momento em que o polícia lhe dá a caixa, ela está invadida por uma emoção extraordinária, que a isola completamente de tudo. Ela está como que subjugada pelos ecos de uma longínqua música religiosa: talvés uma música ouvida em sua mais tenra infância.O público, satisfeita a curiosidade, começa a se dispersar em todas direções.Essa cena é vista pelas personagens que deixamos no quarto do terceiro andar. Vêmo-las através dos vidros do balcão, de onde se pode ver o fim da cena acima descrita. Quando o agente entrega a caixa à moça, as duas personagens do balcão parecem, também elas, invadidas pela mesma emoção, emoção que chega até às lágrimas. Suas cabeças balançam como se seguissem o ritmo daquela música impalpável.A personagem olha a moça e faz-lhe um gesto que parece significar: "Viste? Não te disse?".Ela olha novamente na rua a moça que agora está só, como que pregada no chão, em estado de inibição absoluta. Passam autos em velocidades vertiginosas. De repente, um deles passa por cima dela, mutilando-a terrivelmente.[...] ( O cão Andaluz)


paranóia crítica

Tens a chave de suas jaulas em mãos
(e sem dominar teu saber), sabe disso;
mas mantem-se ali por puro medo.
Saiba homem prisioneiro:
- Basta fechar os olhos daí de dentro de tua gaiola;
para que tenha o poder de explodir um mundo-inteiro.

No entanto, abandonado confortavelmente nas poltronas de sua sala escura,
deslumbra-se pela luz e pelo movimento;
que quase hipnotizam .
Os rosto humanos (iguais ao teu) fascinam-te a ponto de alegrar-se pela bruta mudança de ambientes.
Tua desgraça faz que aceite os lugares comuns mais depreciados.

Espectador dos seres e de coisas concretas:
-Isóla-te em seu habitat psíquico, que assim, quase adormece graças ao silêncio da escuridão.
Êxtase!!! Nenhuma outra expressão humana melhor define essa vergonha.
Mas melhor que qualquer coisa, esse estado é capaz de embrutecê-lo.

Tuas portas dominam tuas entradas. Caluniam para teus ouvidos; escondem as chaves; mudam as fechaduras;
Nem se quisesse se libertar.
(Mas não quer!!!)
Elas sofrem para ter grande cuidado em não perturbar tua tranqüilidade.
Deixando fechada a maravilhosa janela da tela sobre o mundo libertador da poesia.
Optam por fazê-lo refletir parcialmente os argumentos que podem compor uma continuação dessa nossa vida comum ( repetindo mil vezes o mesmo drama ou fazendo esquecer as horas penosas do trabalho diário.)!

Tudo isso, naturalmente,
ratificado pela moral habitual,
pela censura governamental e internacional,
pela religião,
dominado pelo bom-gosto e temperado humor branco;
entre imperativos prosaicos da nossa realidade.

Fantástico! O que há de mais admirável aqui?!
É sentir que a vida subconsciente,
penetra as raízes tão profundamente em poesia?
Coisas...
...Aparecem e desaparecem por intermédio de fusões;
O tempo e o espaço tornam-se flexíveis, retraem-se ou distendem-se à vontade;
a ordem cronológica e os valores de duração não correspondem mais àquilo real;
os movimentos aceleram todos os teus atrasos.
e subconscientemente, não sabe mais o que são as cores.
Aí está o fantástico. Ele não existe: tudo é real!

Oh frágil escravo da condição humana diante de um mundo cada vez mais complexo..

O melhor instrumento para exprimir o mundo dos sonhos, das emoções e do instinto...
O mecanismo criador de imagens cinematográficas é, por funcionamento,
O que entre todos os meios de expressão humana, lembra melhor o trabalho do espírito durante o sono.
O filme parece uma imitação involuntária do sonho.

Surgindo todas às vezes que a imaginação se manifesta livremente; sem a trava do espírito crítico.
O que vale é o impulso psíquico no ponto onde a razão humana perde o controle!

Porque cada um verte uma dose de afetividade sobre o que olha e ninguém vê as coisas como elas são; mas como teus desejos e seu estado de alma o fazem ver.

De minha parte, eu luto pelo cinema a.(i).[su].rreal,
porque esse cinema me dará visão integral da realidade,
aumentará meu conhecimento das coisas e dos seres,
me abrirá o mundo maravilhoso do desconhecido,
de tudo o que não encontro na imprensa diária ou na rua.
Aqui proponho a restauração dos sentimentos humanos
e do instinto como ponto de partida para uma nova linguagem.
Prego a destruição dessa sociedade em que vivemos
e a criação de uma nova, a ser organizada em outras bases.
Dessa forma, pretendo atingir uma outra realidade,
situada no plano do subconsciente e do inconsciente.

A fantasia,
os estados de tristeza
e a melancolia
exercem grande atração nessa linguagem...

seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira,
vamos
Revolucionar esse romantismo bucólico;
destruir a representação convencional da natureza dessas relações medíocres;
quebrar o otimismo do mundo burguês ;
e fazer com que tantas almas presas duvidem da perenidade da ordem existente,
ainda que não tome ostensivamente partido algum.

Será que o sonho não pode ser também aplicado à solução das questões fundamentais da vida?




Na Primavera [...]

Tudo está mudado. Agora, vê-se um deserto sem fim. Plantados no centro, enterrados na areia até o peito, vê-se a personagem principal e a moça, cegos, as roupas esfarrapadas, devorados pelos raios de sol e por uma nuvem de insetos [...]

sábado, 4 de outubro de 2008

desenho em branco e preto.

...sabe lá quais são as palavras que aqui cabe alguém expressar.Todo esse sentimento guardado; isolado;revoltado;toda essa angústia e falta de espaço que tenho pra esticar minhas grandes pernas. sabe lá. não é culpa dos meus pais e sei muito bem que a sorte qual conti desde meu primeiro momento;além de rara nos tempos de hoje, só chamo de sorte pois não pude nem escolher saber qual o sabor da Liberdade. Ninguém que venha a ter razão de alguma coisa durante toda ou qualquer parte de sua existência sabe realmente do que tou falando. E pra falar de Liberdade quando se enraivece ao ter que falar com máquinas;traduzir placas;atravessar em faixas;correr pra não dormir no ponto, é preciso sonhar.Acordada, que seja! Cantar a única sorte de vir as caras ao invés da coroa. Pá que dizia ´rabuuuda menina vai contar até mil ali naquela esquina´. Num pé só ia e ria quando depois do mil não mais sabia; Se alguma liberdade queria, corria e dormia...sabe lá quais cores que via.
sin-tierra.sin-techo.los desocupados.los movimientos barriales.movimientos contra el precio de los medios de transporte.movimineto de cartoneros.movimientos indigenas.cooperativas de productores y consumidores con perspectivas autogestionarias.sectores del sindicalismo.luchas estudantiles y por la democratización de la educación.movimientos de los afectados por las represas.radio libres.movimientos contra la violência policial.movimientos de mujeres contra el patriarcado y en favor de aborto.movimientos artísticos y culturales.movimientos de consejos populares.movimientos de defensa de la comunicación independiente.movimientos ambientales.movimiento negro.movimiento gay...etc[...]

...9 de abril

"Aflição de meu apartamento. Ilimitadas. Consegui trabalhar em algumas noites. Se tivesse podido continuar tôda a noite! Hoje, o ruído impede-me de dormir, trabalhar, tudo."

...1915

25 de fevereiro

Depois de vários dias de dor de cabeça constante, por fim me sinto um pouco mais livre e confiante. Se eu fosse outro, que me comtempla de fora e vê o curso de minha vida, diria certamente que tudo isto deve terminar em nada, consumir-se em uma dúvida incessante que apenas posso inventar mortificações. Mas em meu caráter de parte interessada, continuo esperando.
Franz Kafka(DIÁRIOS)

terça-feira, 23 de setembro de 2008

escorregam por entre as vozes de um mundo barulhento....

-Hoje, as palavras tão me sufocando...
me agonizando...
tão querendo sair gritadas....
querendo sair trocadas..
brigadas...
as palvras estão embaralhadas..
e me fazendo trocar as pernas...
me fazendo errar os caminhos..
me fazendo mudar de idéias...
fazendo chorar.
e gargalhar...
até perder as palavras...
até não mais achá-las...
nem mais enchergá-las..
e ficar em silêncio...
profundo...
daqueles que só os mais prazerosos momentos podem pensar em nos trazer...


-´Nem as perguntas que fazemos ao mundo ou ainda as tolas respostas que receitamos aos ouvintes fantasmas de nossos sonhos fazem sentido agora. A beleza deste momento está na poesia de ficar em silêncio num mundo de sons emburrecedores, como quem cria nos ares de uma noite de verão e dorme docemente com as janelas abertas no murmúrio leviano dos dias ensolarados. `

- Já não me cabe mais uma beleza qualquer.
Não me completa mais apenas uma linda poesia...
Os sons emburrecedores querem sair de mim e me sinto incapaz, agora, de silenciar-me diante estas surdas crianças que fecham os olhos para não se queimar nessa noite ensolarada.
Essas crianças... tropeçam em suas próprias palavras....em seus próprios desenhos...lutam pela beleza desse momento..mas esqueçem de olhar nos olhos daqueles que estendem as mãos pedindo apenas que nossas lutas lhes tragam calor...e que lhes encham a barriga de um silencio emburrecedor...

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Este texto não prega a imobilidade!! caso você interprete mal...

Existem meios e princípios diferentes de se desligar do que existe de real ao redor de nossos olhos. As formas nem sempre são necessárias e negá-las, negar o concreto dedicando-se apenas ao abstrato interior do conhecimento de si mesmo pode ser um destes meios ou um destes princípios. A negação pode, entretanto, ser uma urgente necessidade de fuga inconsciente, excluída de qualquer criticismo, infantil e desprovida de auto-conhecimento, como anda acontecendo em todas as partes.Fecho os olhos e as utopias aparecem. Fecho os olhos por revolução e não por medo. Não existe fraqueza alguma. Simplesmente os olhos se fecham e o corpo luta para continuar sendo ele mesmo ao invés de se juntar aos amontoados de carne que desfila sobre os ruídos ofuscantes das luzes de neon.

(retirado do blog: amortedegregorsamsa.blogspot.com.br)

sábado, 13 de setembro de 2008

Alice no país dos espelhos

..."Era o Assador e os Sacalarxugos
Elasticojentos no eirado giravam;
Miserágeis perfuram os Esfregachugos
E os verdes Porcalhos ircasa arrobiavam"....

sábado, 30 de agosto de 2008

Entrefácios de tutaméia.















“Por que João Sorria
Se lhe perguntavam
Que mistério é êsse?
E propondo desenhos figurava
Menos a resposta que
Outra questão ao perguntante? (...)
(Carlos Drummond de Andrade)


Sobre os marginalizados,
Precários de existência
É que os contos de Terceiras Estórias falam.
O primeiro deles vem da parábola
que diz que o pior cego é aquele que não quer ver.
E sem poder tirar uma palavra do lugar
Um homem da cidade se defende
pois é acusado de assassinar o cego o qual era guia.

"– E o senhor quer me levar, distante, às cidades? Delongo. Tudo para mim, é viagem de volta. Em qualquer ofício, não; o que eu até hoje tive, de que meio entendo e gosto, é ser guia de cego: esforço destino que me praz. E vão me deixar ir? Em dês que o meu cego seô Tomé se passou, me vexam, por mim puxam, desconfiam discorrendo. Terra de injustiça (p. 41)."

A doçura está no vezo de palavrear.
E nessas estórias, as palavras são tristes.
Um painel de tutaméia, ninharia, quase nada,
nonada, baga, ninha, inâninas, ossos de borboleta....


entre contos estão os préfácios
como um teatro
onde todos os artistas estão do mesmo papel.

Mas isso não passa de uma anedota de abstração.

'Vou para guia de cegos, servo de dono cego, vagavaz, habitual no diferente, com senhor.

Seô Desconhecido'.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

de Sá.

É como se a escuridão
não me fizesse sentir o frio.
o frio que passava entre o dedos do meu pé
e me tremiam até a cabeça.

A lua que tardou a sair
parecia uma noiva, enfeitando-se...
pra sair cheia.
cheia de luz, que...

....Clareou a branca areia
e todas as estrelas sumiram.

Todas as estrelas continuam lá,
a cair em formas cadentes...
mas a cheia lua iluminava ponta a ponta do mar.
E aí, revi as árvores.
peladas.

pois passaram estações
e eu nao estava lá.
não vi o vento derrubar cada folha de amendoeira,
não senti o rio secar.


e aí, ali, senti um estranho vento dentro de mim.

mas vamos buscar lenha...
Pois sem fogueira,
como ei de fazer pedidos pras estrelas cadentes?

sábado, 16 de agosto de 2008

Hay manos capaces de fabricar herramientas/Con las que se hacen maquinas para hacer ordenadores/Que a su vez diseñan maquinas que hacen herramientas/Para que las use la mano.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

"O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.A cobiça envenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódios... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido."

(O Último discurso, do filme O Grande Ditador)
Charles Chaplin

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A Coisa

"A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita."

Mario Quintana

domingo, 10 de agosto de 2008

os repolhos, as crianças e as perguntas.

Se perguntarem pra uma criança que nasceu de um repolho
O que é um repolho,
Antes de suas bochechas se rozarem, abrirá um sorrisão e dirá que não sabe o que é .

E se pedir pra que ela desenhe um repolho
talvéz os faça em árvores,
ou então, algo pouco parecido com os repolhos de verdade...

Ao meu sentir, quando uma criança silencia após uma pergunta...
é porque sabe demais sobre o assunto
e nem os desenhos saberiam responder...


Estudar, praticar e difundir Agroecologia

Agro.Eco.Logia - parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=-MGEYxoKBPc

Agro.Eco.Logia - parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=z3eoPMBibcI

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O bom português, homem-de-bem e muitíssimo inteligente, mas que, quando ou quando, neologizava, segundo suas necessidades íntimas.
Ora, pois, numa roda, dizia ele, de algum sicrano, terceiro, ausente:
- E ele é muito hiputrélico...
Ao que, o indesejável maçante, não se contendo, emitiu o veto:
- Olhe, meu amigo, essa palavra não existe.
Parou o bom português, a olhá-lo, seu tanto perplexo:
- Como?!... Ora... Pois se eu a estou a dizer?
-É. Mas não existe.
Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas no tom já feliz de descoberta, e apontando para o outro, peremptório:
- O senhor também é hiputrélico...
E ficou havendo


PÓS-ESCRITO
sobre as palavras:
"O mais seguro é usar as usadas, não sem um certo perigo cunham-se novas. Porque, aceitas, pouco louvor ao estilo acrescentam, e, rejeitadas, dão em farsa. Ousemos, contudo; pois, como Cícero diz: mesmo aquelas que a princípio parecem duras, vão com o uso amolecendo."

(tutaméia-terceiras estórias- Guimaraens Rosa)