sábado, 30 de agosto de 2008

Entrefácios de tutaméia.















“Por que João Sorria
Se lhe perguntavam
Que mistério é êsse?
E propondo desenhos figurava
Menos a resposta que
Outra questão ao perguntante? (...)
(Carlos Drummond de Andrade)


Sobre os marginalizados,
Precários de existência
É que os contos de Terceiras Estórias falam.
O primeiro deles vem da parábola
que diz que o pior cego é aquele que não quer ver.
E sem poder tirar uma palavra do lugar
Um homem da cidade se defende
pois é acusado de assassinar o cego o qual era guia.

"– E o senhor quer me levar, distante, às cidades? Delongo. Tudo para mim, é viagem de volta. Em qualquer ofício, não; o que eu até hoje tive, de que meio entendo e gosto, é ser guia de cego: esforço destino que me praz. E vão me deixar ir? Em dês que o meu cego seô Tomé se passou, me vexam, por mim puxam, desconfiam discorrendo. Terra de injustiça (p. 41)."

A doçura está no vezo de palavrear.
E nessas estórias, as palavras são tristes.
Um painel de tutaméia, ninharia, quase nada,
nonada, baga, ninha, inâninas, ossos de borboleta....


entre contos estão os préfácios
como um teatro
onde todos os artistas estão do mesmo papel.

Mas isso não passa de uma anedota de abstração.

'Vou para guia de cegos, servo de dono cego, vagavaz, habitual no diferente, com senhor.

Seô Desconhecido'.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

de Sá.

É como se a escuridão
não me fizesse sentir o frio.
o frio que passava entre o dedos do meu pé
e me tremiam até a cabeça.

A lua que tardou a sair
parecia uma noiva, enfeitando-se...
pra sair cheia.
cheia de luz, que...

....Clareou a branca areia
e todas as estrelas sumiram.

Todas as estrelas continuam lá,
a cair em formas cadentes...
mas a cheia lua iluminava ponta a ponta do mar.
E aí, revi as árvores.
peladas.

pois passaram estações
e eu nao estava lá.
não vi o vento derrubar cada folha de amendoeira,
não senti o rio secar.


e aí, ali, senti um estranho vento dentro de mim.

mas vamos buscar lenha...
Pois sem fogueira,
como ei de fazer pedidos pras estrelas cadentes?

sábado, 16 de agosto de 2008

Hay manos capaces de fabricar herramientas/Con las que se hacen maquinas para hacer ordenadores/Que a su vez diseñan maquinas que hacen herramientas/Para que las use la mano.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

"O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.A cobiça envenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódios... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido."

(O Último discurso, do filme O Grande Ditador)
Charles Chaplin

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A Coisa

"A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita."

Mario Quintana

domingo, 10 de agosto de 2008

os repolhos, as crianças e as perguntas.

Se perguntarem pra uma criança que nasceu de um repolho
O que é um repolho,
Antes de suas bochechas se rozarem, abrirá um sorrisão e dirá que não sabe o que é .

E se pedir pra que ela desenhe um repolho
talvéz os faça em árvores,
ou então, algo pouco parecido com os repolhos de verdade...

Ao meu sentir, quando uma criança silencia após uma pergunta...
é porque sabe demais sobre o assunto
e nem os desenhos saberiam responder...


Estudar, praticar e difundir Agroecologia

Agro.Eco.Logia - parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=-MGEYxoKBPc

Agro.Eco.Logia - parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=z3eoPMBibcI

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O bom português, homem-de-bem e muitíssimo inteligente, mas que, quando ou quando, neologizava, segundo suas necessidades íntimas.
Ora, pois, numa roda, dizia ele, de algum sicrano, terceiro, ausente:
- E ele é muito hiputrélico...
Ao que, o indesejável maçante, não se contendo, emitiu o veto:
- Olhe, meu amigo, essa palavra não existe.
Parou o bom português, a olhá-lo, seu tanto perplexo:
- Como?!... Ora... Pois se eu a estou a dizer?
-É. Mas não existe.
Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas no tom já feliz de descoberta, e apontando para o outro, peremptório:
- O senhor também é hiputrélico...
E ficou havendo


PÓS-ESCRITO
sobre as palavras:
"O mais seguro é usar as usadas, não sem um certo perigo cunham-se novas. Porque, aceitas, pouco louvor ao estilo acrescentam, e, rejeitadas, dão em farsa. Ousemos, contudo; pois, como Cícero diz: mesmo aquelas que a princípio parecem duras, vão com o uso amolecendo."

(tutaméia-terceiras estórias- Guimaraens Rosa)