segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Tem dia que o vento não curva e o tempo não muda.

Hoje, fui rastejando minhas solas até o alto da montanha.
Desviei poças de suor e mijo esparramadas pelo chão.
Não pude nem olhar o sol, porque a ardência penetrava minha impaciência.
E sorrindo por fora, desgostava o que os olhos abertos sentiam.
Por instantes, me senti capacitada de entender todas os movimentos ao redor de mim.
Aflitamente liguei as vidas ao meu redor como um jogo de pontos, onde os traços facilmente se juntam, formando uma imagem certa.
Sem nuvens, a chuva não me traria refresco como em dias atrás.
Sentia a garganta seca arranhando meu pensamento.
Fui procurando traços, relacionando os fatos. Sentia o lixo esmagado no meu sapato.
Reparei em alguns pés, desviei os olhares de súplica nos becos e fui me sentindo mal por tropeçar em tantos vivos.
Olhei pra dentro, e me despi daquele vício.
Não queria pensar em nada, sentia meu corpo uma migalha em que os pombos rapidamente devorariam.
Peguei um ou outro olhar seco derretendo meu corpo.
E meu raciocínio parou.
O calor derreteu meu caminho, derreteu minha boca, fez dos meus olhos um feixe de luz que penetrou nas pulgas daquele cão faminto que me seguia a horas.
O cão comia as migalhas que caiam de mim... Meus cabelos se desfazendo...minha memória se apagando...meus desejos irrealizáveis naquele momento.
E aí vi que todo mundo dobra todo meio dia na mesma esquina.
Mas hoje eu me perdi...
Reparei tanto nas pedras do chão...
Que passei pra lá do meio dia em vão...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

" É bom quando nossa consciência sofre grandes ferimentos, pois isso a torna mais sensível a cada estímulo. Penso que devemos ler apenas livros que nos ferem, que nos afligem. Se o livro que estamos lendo não nos desperta como um soco no crânio, por que perder tempo lendo-o? Para que ele nos torne felizes, como você diz? Nós seríamos felizes do mesmo modo se esses livros não existissem. Livros que nos fazem felizes poderíamos escrever nós mesmos num piscar de olhos. Precisamos de livros que nos atinjam como a mais dolorosa desventura, que nos assolem profundamente – como a morte de alguém que amávamos mais do que a nós mesmos –, que nos façam sentir que fomos banidos para o ermo, para longe de qualquer presença humana – como um suicídio. Um livro deve ser um machado para o mar congelado que há dentro de nós. "
Franz Kafka

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A luz que estampa teu céu,
te chama pra sair.
Assim como a lua que acaba de se desprender do outro lado do mundo até aqui.
brilha solta, que nem ébrios esparramados pelos lixos urbanos.
Levemente as nuvens vão estancando cada som ensurdecedor que o vento insiste em trazer.
Teus olhos não enchergam cada esbarrão que teu tropeço causa.
Mulas de pé saciam os olhos em cada saltitar de tamborins.

As luzes berram aos ouvidos de nossos pés, que não param de dançar.
Mexem-se sem pensar.
O ano mal começou, desprenda-se, a festa apenas começou!!
Ta aí o ébrio som da diversão; tantos copos na mão.
recicla o ano todo.
`dê-me um beijo em tua mão´
Fuja.sem precisar resistir.
esparrame-se profundamente por essa superficialidade.
acompanhe o maestro..

Já são meia dúzia de três ou quatro horas.
brincadeira sem fim.
teus pés rimam com teus braços cruzados.
O vento quebra teu copo por dentro;e acorda da brincadeira que nada é sofrimento.
tropeça no bêbado,chora por dentro...
..Vai pra casa remando enquanto ainda tem lua no vento...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

te inventarei

pro gregor...



por mais sinceras que parecam;
que sejam
as tuas
(as minhas)
palavras.

mesmo te vendo nu;
transparente e puro.
eu te inventarei.

te inventarei dentro dos meus olhos
de meus mais loucos sonhos.
por toda a minha muda vida
a cada tua oscilação de humor
te inventarei.
te amarei
assim sinceramente.

por mais meia lua que seja
mais brilhantes estrelas que estejam no nosso céu,
por mais que elas descam e dançem
e por mais que eu cante as musicas que você não queira ouvir
inventarei você e eu
sinceramente em palavras
nos atos de cada amor
no puro ar de cada silêncio

devagar, entendendo que o amor é inteiro.

meia lua, meio dia...tudo por inteiro.
o amor é seu,
sou eu
que ama você inteiro.
te inventarei
a cada sofrido acordar sem cor
a cada alivio ao deitar sem dor
mesmo que em um dia,não (me) queiras
mesmo que não (me) desejes
te desenharei

nas situações em que estiveres presente
nos tristes momentos de tua ausência
no silêncio estúpido de quem engole a dúvida
na falação inócua das discussões banais

eu te inventarei.
desde que nasci em ti
durante todo meu existir
em ti

sériamente feliz.

pois no mundo
a mentira pode ser tão bela
e necessária quanto a arte
aqui na terra,
assim como o homem fez com deus...
eu te inventarei

mas não o faço
-nem nunca farei-
nem mentir por bem.

pois em mim,
já és perfeito assim
por ser si só.
em ti
e por isso mesmo
pelas características da tua personalidade
por mais interinstigante que seja(e é) tua realidade

com um pouco de egoísmo
forma de defesa pingo de vaidade

por todos os motivos que já não sei dizer

amo você