sábado, 30 de agosto de 2008

Entrefácios de tutaméia.















“Por que João Sorria
Se lhe perguntavam
Que mistério é êsse?
E propondo desenhos figurava
Menos a resposta que
Outra questão ao perguntante? (...)
(Carlos Drummond de Andrade)


Sobre os marginalizados,
Precários de existência
É que os contos de Terceiras Estórias falam.
O primeiro deles vem da parábola
que diz que o pior cego é aquele que não quer ver.
E sem poder tirar uma palavra do lugar
Um homem da cidade se defende
pois é acusado de assassinar o cego o qual era guia.

"– E o senhor quer me levar, distante, às cidades? Delongo. Tudo para mim, é viagem de volta. Em qualquer ofício, não; o que eu até hoje tive, de que meio entendo e gosto, é ser guia de cego: esforço destino que me praz. E vão me deixar ir? Em dês que o meu cego seô Tomé se passou, me vexam, por mim puxam, desconfiam discorrendo. Terra de injustiça (p. 41)."

A doçura está no vezo de palavrear.
E nessas estórias, as palavras são tristes.
Um painel de tutaméia, ninharia, quase nada,
nonada, baga, ninha, inâninas, ossos de borboleta....


entre contos estão os préfácios
como um teatro
onde todos os artistas estão do mesmo papel.

Mas isso não passa de uma anedota de abstração.

'Vou para guia de cegos, servo de dono cego, vagavaz, habitual no diferente, com senhor.

Seô Desconhecido'.

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