domingo, 31 de maio de 2009

Recortes mudos.

...o som das batidas de cada rima
No papel revelam com clareza a agonia dos suspiros silenciados.

Pálido é o cheiro das palavras mortas.
E a ausência de gritos sufoca velhos encantos.

Ao apertar os olhos sinto o orvalho frio enferrujar as rugas talhadas pelo calor infernal dos raios.
Vejo o gosto do orvalho se destruir ao impactar bruscamente com a terra seca que pesam meus pés.

Esvaeceu certo prazer de mim pra alguma direção sem sentido algum.

Vejo-me numa espontaneidade premeditada.
Onde com leve rispidez meu corpo se fantasia num misterioso esconder de sensações prazerosas.
Disfarço na multidão verdades somente vistas dentro de paredes vazias de outro alguém.

A borda de uma terra lotada perde a fértil beleza quando um forte vento leva ao longe as folhas caídas das poucas árvores quaisquer.
O fogo das matas sufoca o silêncio dos inocentes...
E aquece meu prazer lascivo em percorrer os dedos e as mãos pela pele macia no meu pensamento.

Pela janela entra a brisa embaralhando meus recortes...
Palavras acumuladas de pó como migalhas caídas ao chão.
Compô-las requer maturação muda.
Meticulosamente retiro o pó da razão.
Decompõe-se a emoção.

Cautelosamente espero a sinceridade penetrar meus seios nus.
Ler-te as palavras num ritmo de soluçar lhe confundiria a razão.

Colo pedaços de sol num dia chuvoso...
As estrelas caducas riscam o céu limpo.
Ouço o riso da flor que desabrocha sem espinhos.
Sigo o rastro de aroma da noite...

Até a iluminação do ambiente parece diferente só pra me provocar.
O som se torna distante
Me pego perdido divagando
E quando tento decifrar meus pensamentos.
Já se foram. Perderam-se num mundo desconexo sem sentido.
Mas assim, sinto-me vivo. Pela incerteza da busca por sei lá o que.

Querer romper as pré-idéias a mim concebidas
Prisões falsas do passado.
Padeço a alegria fruto da presença.
Apego a tristeza oriunda da distância.

A saudade da criança.

Como qualquer cão sem coleira.
Fareja a vida...
sem rumo nem beira.

4 comentários:

Gregor Samsa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gregor Samsa disse...

Dedos fora de foco percorrem palavras que se confundem.
Nosso sexo nada culto treme um gemido gutural,
negros cantos, livre de miserável vanguarda.

Ricardo Esteves disse...

Paredes vazias d eum outro alguém
gosteeei!
x)

DDA Silveira disse...

auch!